Descrição
«Para que servem poetas em tempo de indigência» Talvez evitem o despenhar nas costas, os naufrágios abruptos, talvez desviem as rotas das tormentas – Faroleiros Vigilantes – e, se evitarem um que seja, a sua participação já é válida.» da Introdução de Amélia Vieira.
O sólido e coeso legado poético de Amélia Vieira – com 9 livros publicados – permitiu-lhe conquistar um lugar na galeria de nomes essenciais da poesia contemporânea portuguesa. Em 2004, a Cavalo de Ferro reuniu na antologia poética «Fim» a revisitação de vinte anos do seu trabalho literário.
Todavia, porque o poeta «é ainda aquele que vela, que está atento, que ausculta o coração das coisas em redor e se disponibiliza para interpretá-las», a poetisa pressente no século XXI uma passagem conturbada e em colapso, mas para a qual antevê um futuro redentor. Em «Gabriel» reúne-se, assim, um conjunto de poemas redigidos entre 2009 e 2010, sobre os quais desce o espectro da verdade e da anunciação, mensageiro de um caminho directo, disfémico, e revelador, como se retomasse a função do coro na tragédia grega.